À hora marcada, mais de duas dezenas de professores e alguns alunos da Fernão Mendes Pinto acorreram com entusiasmo ao anfiteatro para participar num debate vivo e aceso sobre Educação.
O nosso convidado, o Professor Gabriel Mithá Ribeiro, referiu mudanças de paradigma do ensino através da História e defendeu inequivocamente a necessidade de reabilitar o lugar do conhecimento como central no processo de ensino-aprendizagem.
Numa síntese clara e numa crítica desempoeirada, o prelector contestou a sobrecarga dos curricula, nomeadamente pela existência das Áreas Curriculares Não Disciplinares; a burocratização da função docente, mormente pelos processos disciplinares dos alunos; o desvirtuamento da identidade das escolas, alargando a sua abrangência a ciclos de ensino que extravasam as suas competências iniciais ou o savoir-faire cultivado durante anos e que foi criando um processo identitário; a gestão do calendário lectivo com insuficientes pausas, que muitas vezes mais não são do que dedicados, pelos professores, à correcção de testes e trabalhos de avaliação; o excessivo número de alunos por turma…
A crítica, se bem que abrangente, nem por isso se identificou com qualquer tipo de alarmismo ou de negativismo infecundo. De resto, a plateia desafiou o orador a apresentar contra-propostas ao estado da Educação em Portugal e apoiou uma visão caricatural das Ciências da Educação que perpassou algumas intervenções. As opiniões dividiram-se então e o entusiasmo apenas foi quebrado pelo tempo, esse escultor imparável, que corria à nossa frente e anunciava que, a seguir ao debate ideológico, haveria a prometida sessão de autógrafos.
Assim aconteceu. O autor autografou, dedicou e ofereceu vários exemplares de A Lógica dos Burros a professores, a alunos e à Biblioteca Escolar. O convite para novo debate, esse, ficou em aberto.
Haverá ciência nas Ciências da Educação?
Ficou a promessa de novo confronto, num diálogo aberto e educativo. Educativo, porque aberto ao contraditório. Uma forma de estar que a Escola Secundária Fernão Mendes Pinto cultiva, tentando ensinar na prática o respeito pela diferença de opiniões e de visões sobre a realidade.