“Havia o filho do vizinho preto (…) Quase engravidei do filho do vizinho preto. Tinha dez anos e o medo pôs-me de cama. Foi por pouco! (...) Tinha mãos iguais às minhas, rosa, amarelo, bege nas palmas, mas de preto. Falávamos da escola, de jogos, de bichos, sobretudo de cobras, porque havia inúmeras no mato do seu quintal e ele gostava de me meter medo com isso e mostrava-mas, já cadáveres. Lembro-me do dia em que lhe disse “A minha mãe não me deixa falar contigo…” (…)
Eu tinha medo do filho mulato que já devia estar a crescer na minha barriga. De certezinha! Agradava-me o rapaz e já tinha percebido que quando um homem e uma mulher gostavam um do outro, nascia uma criança.
Se eu estivesse grávida do preto, o meu pai podia matar-me, se quisesse...”
Isabela Figueiredo, Excerto de uma entrevista à TSF
Entrevista na íntegra, para ouvir com agrado, em